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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Trabalho do psicanalista e do psicólogo

     Muitas pessoas imaginam que o trabalho desenvolvido pelo psiquiatra, pelo psicólogo e pelo psicanalista é o mesmo. No entanto, há significativa diferença na atuação de cada um deles, e compreende a formação profissional e a teoria que fundamenta sua prática.
     O psiquiatra é um profissional graduado em medicina. Portanto, sua atuação está fundamentada nas normas do Conselho Federal de Medicina, e seu referencial teórico e técnico embasado na ciência médica. Normalmente, a condução da entrevista ou sessão se assemelha aquela prestada por um médico de qualquer outra área. Durante a consulta o psiquiatra faz uma série de questionamentos que visam diagnosticar a doença. Assim, investiga através de entrevista e exames os fatores hereditários, genéticos e históricos do paciente para enquadrar seus sinais e sintomas numa categoria diagnóstica, medicar e, se necessário, internar. Não obstante, alguns psiquiatras também se utilizam de técnicas psicoterápicas no tratamento de seus pacientes.

     O psicólogo tem formação superior em psicologia, que o torna generalista e lhe possibilita atuar em diversas áreas como a clínica, a organizacional, a educacional, a jurídica, entre outras. Comumente, após a graduação o psicólogo elege uma teoria que fundamentará sua atuação profissional. Dentre tantas podemos citar como exemplo: a Comportamental, a Gestalt, o Behaviorismo, a Psicanálise. Notadamente, o objeto de estudo e trabalho do psicólogo é o comportamento humano, que é trabalhado através da consciência. Quanto ao diagnóstico do paciente e a condução da sessão, cada teoria desenvolve seus parâmetros. No entanto, as normas éticas e legais seguidas são iguais para todos os psicólogos, e são estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia.
     O psicanalista não é um profissional, pois não há regulamentação legal. Além disso, não existe uma faculdade de psicanálise que gradue psicanalistas. Tais fatos levam alguns psicanalistas a definir sua atuação como um “ofício”. E, embora não seja um ofício exclusivo das áreas médica e psicológica ocorre que, esses profissionais, o elejam com mais freqüência como suporte teórico para seu trabalho. Não obstante tal eleição, isso não os torna psicanalistas.
     Mesmo ausentes a regulamentação e a graduação, é possível a formação psicanalítica. Para isso, é imprescindível o tratamento analítico porque através dele ocorrerá a emergência ou não do desejo de escuta dos outros. Sem esse desejo de nada adianta o estudo da teoria psicanalítica, pois o tratamento dos sujeitos será vazio e insustentável. Em contrapartida, havendo o desejo de escuta, o estudo da teoria e da técnica, bem como a produção teórica auxiliarão o psicanalista no exercício do ato analítico, ou seja, da escuta psicanalítica. Como não há reconhecimento legal que o torne um profissional, o reconhecimento como psicanalista se dá, como afirma Lacan, por si próprio, pelo paciente que o põe no lugar do suposto saber* e pelo grupo de iguais.
     Outro aspecto fundamental que diferencia o psicanalista do médico e do psicólogo é a própria condução do tratamento. Na psicanálise o tratamento se dá a partir de sessões onde o paciente – analisando – fala de si. O psicanalista, por sua vez, não enquadra o analisante em uma tabela diagnóstica nem lhe fornece interpretações prontas, pois entende que cada sujeito é único e detém o próprio saber de si.

     Assim, o trabalho do psicanalista não é modificar comportamentos nem adaptar pessoas, mas sim possibilitar ao sujeito a redescoberta da constituição de sua subjetividade através da sua própria história. É um trabalho centralizado no inconsciente e no desejo do analisante, manifestados através da fala.

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