VIDAS A SER RECONSTRUÍDAS
Depois do horror, os sobreviventes de Realengo têm uma batalha dura pela frente: aprender a conviver com as lembranças incanceláveis do massacre.
Cerca de 30% das pessoas que testemunham ou enfrentam uma situação de ameaça à vida desenvolvem algum tipo de transtorno do stress. Pertencem à categoria dos distúrbios de ansiedade, a doença é classificada como stress agudo e stress pós-traumático, caracterizados principalmente por recordações vívidas do acontecimento traumático (com as mesmas sensações físicas experimentadas durante o episódio desencadeador ), dificuldade de concentração, insônia e pesadelos. No stress agudo, os sintomas se prolongam por até um mês depois do horror. No pós-traumático, estendem-se por mais de trinta dias ou, mais raramente, podem começar um mês depois da ocorrência do trauma. Um dos indícios da manifestação de um transtorno de stress é a incontinência verbal. “A pessoa fala sem parar sobre o ocorrido, como forma de evitar refletir sobre o que aconteceu, uma passagem tão dolorosa quanto necessária”.
Não há cura total para os transtornos do stress. “O paciente recuperado é aquele que passa a sofrer menos com os sintomas”. Tanto maior será a vulnerabilidade ao trauma quanto mais real for a noção do perigo no momento do episódio. O tratamento baseia-se em terapia e medicamentos ansiolíticos e antidepressivos. No primeiro mês, o objetivo é fazer com que as lembranças da tragédia não se solidifiquem. É por isso que os especialistas evitam remédios para dormir ou aqueles que possam facilitar o sono-como a memória se sedimenta, sobre tudo, durante o repouso noturno, horas mal dormidas são benéficas nesse aspecto. Inicialmente, dá-se preferência à terapia de apoio, em que o paciente apenas fala espontaneamente sobre seus medos e aflições. Passado um mês, tempo necessário para que a memória seja consolidada, mas agora sem reflexões que poderiam adicionar peso ainda maior ao ocorrido, o tratamento é o oposto: remédios começam a ser ministrados de forma mais sistemática e o paciente é levado a confrontar-se concretamente com os elementos do trauma e pensar sobre seus desdobramentos . “O caminho é longo e penoso, mas é possível superá-lo”.
Gostei do Seu blog Cleide, parabéns !!
ResponderExcluirQue essa paixão pela psicanálise seja fortalecida cada dia mais dentro de vc! Bjs Drª Ana Cleide =)
by: André Felipe